segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Quando o morro descer e não for carnaval

Há 300 anos a senzala avisa
Que seu sistema social
Baseado na miséria e exclusão
Têm efeito colateral

O menino rico leva tiro
Em frente seu carro blindado
A madame fútil e insossa
teria o patrimônio violado

Papai morreu em um assalto
Titio já não sai à rua
E a fome do menino da sarjeta
Incomoda à vista da perua

Mas o você fez para melhorar?
Aumentou a repressão
Enriqueceu sobre nossa miséria
Legitimou o Estado – massacre – policial
Violentou nossos corpos, nossas almas
Nos tirou a dignidade
Trancou-nos em presídios
Tirou nossa educação
Ampliou o latifúndio
Tomou nossas terras
Tomou nossas vidas
Nossa dignidade

E nos fez acreditar
Que era tudo justo, natural
Que humanidade é egoísta
E seu instinto é o mal

Mas descobrimos agora
Qual é a do seu sistema
Nossa maldade foi você quem criou
E agora é pra você um problema

E hoje a favela avisa
Que quando o morro descer
E não for carnaval
Não sobrará pedra sobre pedra

O mundo será diferente
Sem privilégios pra vocês
Por que se vivemos
É para decepar os reis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário