Estranho mundo este em que vivemos
As contradições estão postas, às claras
Mas um véu cobre nossas vistas
E já não enxergo nada no horizonte
Se como, engordo, tenho colesterol.
Se bebo, me embriago, me acidento.
Se respiro, adoeço, me contamino.
Se olho, constranjo, envergonho-me.
Se sorrio, é por desdém, arrogância.
Se choro…como assim, homem não chora.
Se penso, sou frustrado, depressivo.
Se falo, estou desempregado. Vagabundo!
Se sonho, sou imaturo, infantil.
Se ouço, sou curioso e,
Sendo curioso, inconveniente.
Se amo, tenho AIDS, e tudo se acaba.
Estranho mundo este em que vivemos
As contradições não podem ser vistas
Nem o véu pode ser retirado
Pois a própria vida é um grande pecado.