sábado, 16 de outubro de 2010

Noturno em São Paulo

Propagandas, oportunidades!
As luzes passam e furtam-me os sentidos.
Sigo caminhando
Recolhendo as raspas de um amor passado
Traças roem-me o peito.

Na cidade de pedra
As almas dos escravos seguem
Bem vestidas.
Correm, com toda a força
Rumo ao lugar de onde partiram.

Um comprimido de distração.
Uma dose de sorriso.
Uma carreira de sedução.
Todos os vícios de ilusão
Que me permitem seguir em vão
Neste caminho que não sei bem onde dá.
Não sei não.

É duro caminhar na via expressa.
Esbarro em mim mesmo.
Ignoro!
É assim, vivo com pressa.
Me enxergar em outro pode ser dolorido
Pode ser ridículo.

Visto meu cabresto e sigo junto à boiada
Tocando os bois rumo ao abatedouro.
Abatedouro cotidiano.
Aonde morremos todos os dias.
Onde renascemos à cada feriado e sexta-feira
O liquidificador tritura as almas

Seguimos morrendo!

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