sábado, 21 de maio de 2011

Servir e Proteger

A polícia tem uma função social importantíssima para a sociedade em que vivemos: a de servir e proteger. Ouso dizer que esta corporação a cumpre com a maior eficiência possível.
            Antes de sermos seres “civilizados”, grande parte das comunidades humanas viviam em gens, que eram comunidades familiares auto-suficientes. Na época a família tinha uma estrutura totalmente diferente da que conhecemos, todas as crianças eram filhos de todos os adultos que ali viviam, pois tudo pertencia a todos e não havia o que hoje chamamos de herança. Com a imposição da propriedade privada – alguns homens passaram a se sentir mais importantes que outros e a se apropriarem privadamente do que antes era coletivo – apareceu o que hoje conhecemos como classes sociais: ricos e pobres. A família que hoje conhecemos, onde o pai é o dono da mulher e dos filhos, surge da necessidade destes novos ricos de transmitirem suas riquezas aos seus filhos, aprisionando seus todos bens dentro de seu núcleo familiar.
            Era óbvio que as pessoas que não foram beneficiadas com a criação da propriedade privada – que por sinal eram a imensa maioria – não iriam aceitar caladas que alguns vivessem na bonança enquanto todos os outros eram destituídos dos meios de produção e de sobrevivência. Eis que surge a nossa saudosa corporação: a polícia.
            Surge então na Grécia antiga para que os milhares de esfomeados fossem mantidos sob controle, e que não ousassem ir contra o novo modelo social que lhes foi outorgado. A polícia surge junto com a propriedade privada, para reprimir a ira dos pobres.
Mas para os valores da época, esta era uma profissão tão indigna que ninguém se submetia a fazê-la, o que obrigou que se capturassem escravos para exercer esta humilhante função. Hoje, acredito, que em muito pouco as coisas mudaram. Contratam-se pobres, miseráveis e desesperados para cumprir esta função, aqueles que se submetem à qualquer ordem sem questioná-la, os mais suscetíveis a uma lavagem cerebral que lhes introduza toda uma série de preconceitos. Continuam como sempre: escravos e mal pagos.
Mas, como eu disse no início deste texto, a polícia cumpre como ninguém o seu papel de servir e proteger. Serve aos privilegiados capitalistas que detém o poder e os meios de produção, protegendo estes da revolta dos esfarrapados, miseráveis e esfomeados que nada possuem além de si mesmos e sua capacidade de trabalhar. Aos negros e pobres das regiões periféricas resta a morte, a humilhação e a prisão – o navio negreiro da modernidade.
Polícia para quem precisa!
Quem precisa?

Um comentário:

  1. Ótimo texto, está de parabéns!!! justamente por este motivo que necessitamos de profissionais com novo pensar de mundo, talvez com mais humanidade, assumindo a frente de batalha desta e de outras profissões que hoje não se tem muito elogios, devido a banalização do labor, que outrora devia ser digno de admiração pela imensa responsabilidade.

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