segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Carta aos Australopithecus

Olá!

Eu, homem moderno, diante de vosso primitivismo, me sinto na obrigação de lhes dizer o quanto evoluímos desde sua época.
Nós constituímos um novo modelo de sociedade, bastante diferente do vosso, e neste modelo é baseado todo o nosso progresso. Aqui, não necessitamos de caça, pesca, ou ir até uma fonte qualquer buscar água. Podemos trocar tudo isso por pedaços de papel numerados, que chamamos de dinheiro, um equivalente geral de troca que deixamos guardado em um lugar chamado banco. Praticamente todas as nossas relações giram em torno deste, que é o curriculum vitae da civilização.
            Outro avanço de nossa época é que não precisamos trabalhar, como vocês o fazem, para conseguir dinheiro e trocar por coisas. Aqui, podemos fazer com que outros trabalhem para nos dar tudo aquilo o que desejamos, e nós, que não trabalhamos, por caridade, damos aos que trabalham uma parcela do trabalho que este realizou, parcela que chamamos de salário. Mais que fique claro que o que lhes damos é só o suficiente para que estes continuem trabalhando.
            Ah, mais pra que isso seja possível sem que essas pessoas cometam a insolência de se rebelar ao fato de trabalharem para nós, nós inventamos algumas instituições bastante interessantes.
            Primeiro inventamos o Estado, para que possamos centralizar o nosso poder social em torno de nós mesmos. Inventamos também as leis, que são as nossas regras para deixar claro quem manda (nós) e quem obedece (todo o resto). Inventamos também a polícia e os exércitos, para que o nosso poder seja efetivado. Para que quem trabalha pense que essas coisas são naturais, ou seja, sempre existiram, inventamos a religião, a escola, e os meios de comunicação de massa (TV, rádio, internet, etc.).
            Enfim, podemos dizer que, desde sua época evoluímos tanto que o sexo, que em sua época servia simplesmente ao prazer e à reprodução, hoje também se troca por dinheiro. O prazer é menor, claro, pois não temos muito tempo a perder com isso. Estabelecemos entre homem e mulher uma relação meramente funcional, simplesmente para acalmar a nossa libido. Qualquer outra forma bárbara de relação sexual é abominada, a estes que insistem em manter relações que consideramos anormais, colocamos fora do absoluto convívio social, mas fingimos aceita-los, para evitar a fadiga.
            A muitos dos seres que deveriam trabalhar, fazemos questão de não dar ocupação alguma. Isso por que, quando muitos estão sem emprego, podemos reduzir o dinheiro pago aos que trabalham, pois muitos trabalhariam por muito menos do que eles. É essencial mante-los desesperados!
            Mante-los com fome, sem abrigo, sem prazer e o melhor modo de dominá-los, é um jeito de fazer com que se vendam bem barato, para que assim tenhamos menos custos e possamos juntar mais dinheiro em menos tempo.
            Espero que, com este curto resumo do modo como funciona a nossa sociedade, vocês, povos primitivos possam otimizar sua evolução para que cheguem mais cedo a ser como nós, homens (nem sempre mulheres) do progresso. É para nós um fardo grandioso conduzir ao progresso o nosso mundo, e queremos compartilhá-lo com os homens de sua época. Caso na se sintam contemplados com a proposta, entenderemos que sua ignorância é tamanha que não conseguem vislumbrar a grandeza do mundo moderno, e por isso contnuam no primitivismo. Lhes garanto, será melhor que aceitem.

Ass; Homem da civilização.

Um comentário:

  1. Faltou comentar, que os homens modernos, mais arrastam suas mulheres pelos cabelos, isso é coisa do passado. Agora é usual, assassina-las com armas de fogo ou escraviza-las sexualmente em prol do modernismo.

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